terça-feira, abril 18

Entrevista com Jorge Barrote

N P – Jorge, como é que descobriu a sua vocação para a publicidade?

J B - Nunca pensei sobre isso.

N P – Lembra-se como conseguiu o seu primeiro emprego?

J B - Mostrei alguns trabalhos ao Manuel Peres. Ele achou piada e propôs-me um estágio como maquetista.

N P – Considera que a boa disposição é essencial para o trabalho?

J B - É essencial. Pode ser-se bem disposto ou mal disposto, consoante a natureza da pessoa, mas se não se souber rir torna-se um parto difícil...

N P - Quando é que começou como director de arte?

J B - Na pré-primária... o tempo encarregou-se do resto...

N P - É melhor ser director de arte ou director criativo?

J B - Tem dias... mas essencialmente prefiro ser director de arte. O cargo
de director criativo é muito engraçado, tem componentes de gestão de
equipas, gestão de egos, trabalhar muito o critério do que é boa e má comunicação. É também um cargo administrativo. Tudo isto
é bastante interessante, mas rouba tempo ao que nos fez enveredar por esta
area: "criar".

N P - Qual o caminho a seguir para conseguir que mais trabalhos criativos
consigam ser aprovados?


J B - Bons briefings. Bons briefings, melhores ideias. Faz parte do mesmo pacote. Não podemos funcionar em separado: uma boa ideia é consequência do talento de uma dupla, mas resultado de um trabalho bem estruturado anteriormente.

N P - Quais foram os trabalhos que fez de que mais se orgulha?

J B - Tenho alguns trabalhos que gosto especialmente, e o engraçado é que nem foram os mais premiados, foi mais o prazer que me deu faze-los. Não vou referi-los.

N P - Tem saudades dos tempos da Young & Rubincam como agência de referência? Foram esses os tempos áureos da publicidade ou ainda estamos hoje nos tempos áureos?

J B - Os tempos da Young foram tempos de descoberta , por isso muito
interessantes, uma autêntica escola, mas falar de tempos áureos dá-me a uma sensação meio derrotista em relação ao que pode vir.

N P - O que é essencial numa boa dupla?

J B - Talento e bom carácter.

N P - Com quem gostaria de vir a trabalhar um dia?

J B - Com pessoas que adorem publicidade e que acrescentem valor ao meu trabalho.

N P - Há jovens criativos de qualidade em Portugal?

J B - Há sim, hoje em dia os jovens criativos começam a trabalhar com outra
bagagem. Entram nas agências a saber fazer bons trabalhos... a todos os
níveis... de redacção de direcção de arte e sobretudo da forma fresca como
pensam. Penso que é também consequência da formação.

N P - Imagina-se a fazer dupla com alguém inexperiente? Isto é, daria bons
resultados unir a experiência de um criativo sénior à inexperiência de um
"recém-criativo"?


J B - Não é uma questão de imaginar porque já me sucedeu várias vezes, em algumas agências por onde andei, onde até o conceito de dupla fixa não existia, acho sempre uma experiência bastante enriquecedora. Até porque a falta de experiência é uma boa experiência.

N P - Vê Portugal com capacidade para conquistar um prémio importante na
edição de Cannes deste ano?


J B - O critério de Cannes é sempre um critério muito relativo para o bem e para o mal, e de momento não conheço o trabalho preparado pelas outras agências, mas gosto sempre de ver Portugal ganhar, dá-me um contentamento especial seja na minha agência seja noutra, Portugal ganhar faz-me bem à saúde.

N P - Jorge, para terminar, se lhe dessem a escolher um país para trabalhar criativamente, que país escolheria?

J B - Argentina

N P - E porquê a Argentina?

J B - Porque a criatividade argentina está a atravessar um período muito rico em soluções, como muita vontade de fazer boa publicidade às vezes com escassos recursos económicos.

7 comentários:

Anônimo disse...

falta pimenta.

Anônimo disse...

Muito bem Jorge. Um grande criativo.
Gostei de ter recebido as tuas "dicas".

Abraço

Anônimo disse...

BOA. Um sujeito sadio.

Anônimo disse...

o melhor entrevistado deste blog até agora.
esse é o tipo de criativo que dá vontade de trabalhar.
maduro, sereno, pé no chão, sem estrelismo.
admirável esse João Barrote.

Anônimo disse...

pois, mas este é o jorge barrote ;)

Anônimo disse...

Barra

és o maior.

Abraço.

Anônimo disse...

hehehe, falha minha, admirável este JORGE Barrote, desculpem.