
Conforme prometido, o Nosso Portfólio publica hoje a terceira edição da rubrica dedicada a entrevistas com publicitários. Hoje o criativo entrevistado é Nuno Cardoso, supervisor criativo (copy)da BBDO. Esperamos que gostem. Aqui fica.
TC - Consegue fazer um top de anúncios de imprensa favoritos ou são tantos que preencheriam todas as páginas deste blog? Nuno Cardoso - São realmente muitos. Se houvesse um reel do mundo estariam lá certamente as campanhas do jornal Economist, da Porsche, da VW e da Harley Davidson.
TC - Nomeie:
Um redactor eterno. Nuno Cardoso - “ Would you sit next to you at a dinner?” Um redactor que escreve um título como este dispensa quaisquer adjectivos. David Abbot para o Economist.
Um director de arte eterno. Nuno Cardoso - Erik Vervroegen por ter revolucionado a publicidade com as campanhas da playstation.
TC - E em relação ao seu trabalho? Aceita o desafio de nos enviar aquele de que mais se orgulha? Nuno Cardoso – Tal como os filhos, é difícil eleger um só. Mas gostei muito de fazer alguns anúncios para a Maxim, para a Optimus, para o Público e para a Nissan.
TC - Adjective estas marcas: Nissan, Optimus e Continente. Nuno Cardoso – Sem adjectivos
Nissan – Agora tenho um Smart.
Optimus – Segue o que sentes.
Continente – Eu vou!
TC - Um canguru que transporta um hipopótamo. Consegue explicar, aos mais curioso, como é que num "brainstorming" se chega a uma ideia destas? Nuno Cardoso – Quando a ideia surgiu, o Diogo Mello e eu ficámos a olhar para o rough durante uma hora a dizer:
Será? Naaaa… Não… Não pode… Não dá… Ainda bem que deu.
TC - Considera que em Portugal se devia trabalhar mais para ganhar prémios internacionais e conquistar mais visibilidade? Nuno Cardoso – Considero que em Portugal se devia trabalhar mais.
TC - Portugal é ou não um país criativo? Nuno Cardoso – Claro que é. Pergunte aos fiscais das finanças.
TC - Para si, qual foi a grande campanha dos últimos 5 anos? Nuno Cardoso – Hesito entre a Prevenção Rodoviária, a Mãe e as Bandeiras. São muito diferentes mas têm em comum o facto de serem brilhantes. São o tipo de campanhas que provocam um frio no estômago (e uma dor no cotovelo) quando não são criadas por nós.
TC - E a que mais o decepcionou? Nuno Cardoso – Este é um blog positivo que realça o bom trabalho.
TC - Redacção ou direcção criativa? Nuno Cardoso – Nada se compara ao prazer de uma campanha criada por nós. Mas gosto muito do que estou a fazer agora.
TC - Para se ter uma é possível manter a outra? Nuno Cardoso – Eu quero acreditar que sim.
TC - Quais são as grandes dificuldades de um Director Criativo? Nuno Cardoso – Quando lá chegar posso responder-lhe melhor.
TC - E as alegrias? Nuno Cardoso – Prometo. Assim que lá chegar eu respondo-lhe.
TC - No continente asiático, temos assistido a uma evolução criativa pouco comum ao resto dos continentes. São, na maioria dos casos, as agências mais premiadas internacionalmente. Por outro lado, as culturas asiáticas são também as que mais tabus conservam em relação a diferentes aspectos de carácter social. Acha que a criatividade asiática deriva do esforço imaginativo a que, em virtude dos assuntos tabu, são obrigados diariamente? Nuno Cardoso – (Temo que a resposta seja mais pequena do que a pergunta) Há já alguns anos que os mercados emergentes asiáticos estão a atrair os melhores criativos mundiais, o que se reflecte em melhor trabalho, maior visibilidade e consequentemente mais prémios.
TC - Na sua opinião, quais são as tendências publicitárias do futuro? Nuno Cardoso – As cores fortes, os laranjas, os encarnados, os verdes. Motivos floridos, as saias curtas, por aí… (deviam ter seguido o conselho do Diogo)